O momento do nascimento é também chamado de 'dar a luz'. Veja que interessante: dizemos que a mãe 'deu a luz'. O foco do nascimento não está na criança, mas sim na mãe. Porque o nascimento é um processo que envolve criança e mãe. É a criança que nasce, mas a mãe lhe dá a luz.
Esse
fato tão corriqueiro evoca uma bela metáfora: pai e mãe são como chamas acesas.
Quando a chama de uma vela está apagada, você aproxima uma vela acesa e a chama
reaviva. E, de forma muito especial, a chama da vela não se apaga nem diminui.
Ela acende a outra vela sem perder o seu brilho. Ela dá a luz – assim como as
mães, assim como os pais.
Pais
e mães dão a luz quando pegam aquilo que eles tem de mais precioso e
compartilham com seus filhos. Quando repartem com seus filhos histórias
vividas, momentos especiais, valores que direcionam a vida, sentimentos que
nutrem o espírito, elogios que impulsionam a seguir em frente. Pais e mães dão
a luz quando repartem com seus filhos aquilo que lhes é mais precioso: o
sentido da vida.
Mas,
assim como as velas, é necessário estar bem próximo para poder compartilhar a
luz – e é preciso ter a intenção de dividir. Velas que simplesmente ficam lado
a lado não compartilham sua chama. Apenas brilham juntas e iluminam mais. Para
compartilhar a chama é necessário proximidade e intenção.
Assim
também é com os pais e as mães. Não adianta simplesmente estar junto dos filhos
todos os dias. Isso faz com que as chamas individuais brilhem juntas, mas, para
compartilhar as chamas, é necessário que os pais estejam próximos e queiram
transmitir aquilo que é importante e bom.
E,
finalmente, se as velas ficam muito juntas elas podem se queimar e, ao invés de
compartilhar a chama, elas derretem a base uma da outra. Assim também é com os
filhos. Devemos compartilhar nossa chama com eles, mas permitir que eles tenham
a sua própria individualidade, que sejam eles mesmos. Caso contrário, estaremos
derretendo sua base e eles poderão cair a qualquer momento.
Tenho
ouvido relatos de filhos e filhas que são gratos aos seus pais por manterem
acesa neles a chama. Quando eles ficam tristes e desanimados, quando ficam
doentes, quando se envolvem em situações complicadas, quando sentem-se perdidos
e sem referências sobre o que fazer e para onde ir... Nessas horas os pais
aparecem para ‘dar a luz’, para compartilhar a chama deles e fazer reviver a
chama dos seus filhos.
Esse
é o maior presente que podemos dar aos nossos filhos: dar a luz. E essa é uma
tarefa que requer atenção aos comportamentos, proximidade para perceber os
sinais e a intenção de compartilhar o que temos de melhor com aqueles que,
depois de nós, continuarão mantendo viva a chama.