sábado, 25 de dezembro de 2010

Hoje é Natal - e amanhã também!

      O calendário nos lembra: hoje é dia 25 de dezembro de 2010. É Natal! Dia de confraternizar, de dar presente e de estar presente. Ontem à noite nossos corações se transformaram em manjedouras nas quais Jesus menino nasceu. Há mais de 2000 anos esse momento mágico da história de humanidade é relembrado. Todos os anos festejamos essa data especial, comemoramos esse nascimento - e, depois, a vida volta à sua rotina... Desmontamos a árvore, guardamos os presentes, arrumamos a casa, deixamos o tempo passar.
     Ontem e hoje nos alegramos pelo maior presente que a humanidade já recebeu: Deus nos enviou Seu Filho como presente. Ele nos enviou o Amor encarnado e, com Ele, todos os valores mais sublimes: a Bondade, a Justiça, a Solidariedade, a Misericórdia, a Gratidão, a Amizade, a Honestidade, a Gentileza, Ágape... O sentido de Jesus nascer em nós é fazer com que esses valores supremos tornem-se verdade em nossa existência. É a possibilidade de o mundo ser melhor porque nós nos tornamos pessoas melhores! Isso é Natal: o nascimento do sublime em nós.
     Mas, terá o Amor nascido somente para um dia ou um período da nossa vida? Será que não temos o dever de manter vivos esses valores que hoje habitam nossos corações? Por quanto tempo conseguiremos sustentar esses ideias de Fraternidade, Amor e Paz? Qual o prazo de validade do seu Natal? O mundo que você sonha e quer que exista depende dessa sua resposta.
     Hoje é Natal - e eu lhe desejo muita alegria e comemoração. Mas, lembre-se: amanhã os valores continuarão sendo importantes. Portanto, que amanhã também seja Natal. E depois de amanhã. E depois de depois de amanhã....

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Com o tempo melhora?


Hoje é dia de Finados. Conversei com Thelma Rocha e os ouvintes da Rádio Globo sobre perdas e, durante a conversa, me lembrei desse texto escrito por Maria Marta Pinto Ramos para seu filho Matheus. Resolvi compartilhá-lo aqui, afinal vida e morte convivem em todo Jardim...

"Muita gente, depois de perder alguém querido, escuta, dos outros, frases do tipo:
O tempo cura todas as feridas.
Com o tempo a dor diminui.
O tempo faz a gente esquecer.
Eu também escutei. E, mesmo hoje, já passados nove anos que meu filho morreu, eu não sei se essas frases são verdadeiras.
Certa vez, observando pessoas que, por algum motivo, perderam uma das pernas (ou mesmo as duas), percebi como elas faziam com as muletas.
No começo as muletas machucam, incomodam, ferem as mãos, as axilas. É ruim andar com elas, desequilibram. Elas obrigam quem as usa a inventar um novo passo, um novo jeito de caminhar, dão um ritmo diferente.
As muletas nunca lhes devolverão a perna perdida, mas aos poucos as pessoas vão se adaptar a elas. As muletas vão se tornando parte das pessoas e possibilitam que elas continuem a se locomover e a viver com dignidade.
Com certeza seria muito melhor ter as pernas, mas é preferível usar as muletas do que ficar parado.
Eu penso que, quando a gente perde alguém querido, a vida nos possibilita usar muletas.
Nem de longe essas muletas nos trarão de volta o que perdemos, mas nos possibilitarão continuar nossa caminhada. Certamente serão passos diferentes, outro tipo de equilíbrio e de valorização dos acontecimentos cotidianos, mas daremos conta de seguir em frente, com firmeza e segurança.
Penso que nem mil anos nos fariam esquecer aqueles que amamos muito, ou farão desaparecer a dor e a saudade que sentimos, mas a dor e a saudade poderão se tornar nossas muletas.
No início será mais difícil. Seremos muito machucados por elas, mas com o tempo nos adaptaremos a esse novo modo de continuar a vida e, por mais absurdo que possa parecer, ainda teremos a possibilidade de sermos felizes".

Já que a morte faz parte da vida e é a única certeza que temos, que possamos aprender com ela duas lições importantes: primeiro, a não deixar para depois aquele abraço, aquele carinho, aquele pedido de desculpas, aquele agradecimento... Como diz a música: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã".
E, para aqueles que já viveram essa perda, aprender a seguir em frente, alegrando-se com as boas lembranças que ficaram e honrando a vida de quem foi (e continua sendo) tão especial para nós. 

(Em homenagem à minha filha Priscila, plantei uma árvore, escrevi uma música e falo sobre esse assunto... É assim que a mantenho presente na minha vida. Uma terna, eterna presença em meu Jardim!)


                                               

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De que matéria-prima são feitos os vencedores?

  
    Que bonito é poder ver um vencedor subir no pódio e receber sua medalha. Mas, engana-se quem pensa que tal feito se resume ao momento da disputa em si. Todos os atletas sabem que as grandes vitórias começam muito antes e envolvem treino, disciplina, perseverança e muita determinação. Precisamos de um pouco dessa matéria-prima de que são feitos os vencedores. Nós precisamos urgentemente disso!
    Nossas vidas são desafios diários que precisamos vencer, mas será que estamos nos preparando para enfrentá-los? Não existe vitória sem suor, crescimento sem esforço, resultado sem dedicação. E para tudo isso é fundamental um projeto de vida: algo que oriente nossos passos em direção à superação de nós mesmos. É assim que pensam os vencedores: seu maior desafio é vencer a si mesmos, buscar a excelência, aperfeiçoar suas próprias técnicas para alcançar objetivos cada vez maiores. Precisamos da matéria-prima de que são feitos os vencedores. Nossa sociedade precisa urgentemente disso!
    Nossas escolas precisam de disciplina – não aquela autoritária que desrespeita o próximo, mas aquela dos atletas que buscam vencer e se aplicam com amor àquilo que acreditam. Nossos hospitais precisam de estrutura, assim como os atletas precisam de condições para desempenhar suas tarefas diárias. Nossas ruas precisam de mais segurança e menos drogas – todo atleta sabe da máxima ‘mente sã em corpo são’ e busca alcançar o melhor de si cuidando de seu corpo e de sua mente. Nossas famílias precisam de paz – aquela mesma que inunda a alma de um campeão quando ele reconhece que fez a sua parte. Nossa sociedade precisa aprender a vibrar porque alcançou seu objetivo - não um objetivo individualista, mas um que seja de todos. Um vencedor sabe que sua vitória teve a colaboração de muitos e suas lágrimas quando vê a bandeira sendo hasteada é a prova de que ele, naquele momento, representa uma nação.
    Precisamos da matéria-prima de que são feitos os vencedores. Você, eu, todos nós. Para, como bem nos ensinou Artur da Távola, aceitar o desafio maior que reside na palavra vencer: Vem-ser! Vem-ser vitorioso. Vem-ser cidadão. Vem-ser família. Vem-ser modelo. Vem-ser melhor!
   E que a singela mensagem de uma vencedora possa ecoar em nossa alma e em nosso coração, nos indicando o caminho: “Sin bora,chega de moleza,hj começo os treinos para a temporada 2011.esse ano foi tuuuudo bem bom com minhas férias prolongadas depois de 15 anos sem parar.alegria!!saudades dos treinos e vai ser muuito bom voltar”. Neymara Carvalho, sete vezes campeã brasileira e pentacampeã mundial de bodyboard. Em 25/10/2010 – meses antes de 2011 sequer ter começado.

Inegavelmente, precisamos da matéria-prima de que são feitos os vencedores!

(Neymara Carvalho é uma amiga. Recebi esse comentário dela hoje à tarde e me emocionei com sua vibração. Em homenagem a ela semeei esse texto no Jardim. )

sábado, 16 de outubro de 2010

Homenagem aos mineiros do Chile

Perséfone, filha de Zeus e da deusa Deméter, possuía uma beleza estonteante e era cortejada por muitos deuses. Porém um dia, enquanto colhia flores, foi raptada por Hades, o deus do mundo subterrâneo, que a levou para morar com ele em seu reino. Lá, Perséfone se tornou rainha, mas sentia falta de sua mãe. Deméter, a deusa da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano, percebendo que sua filha havia sumido, partiu em sua busca. Ao fazer isso, se descuidou de suas tarefas e a terra tornou-se árida, sem vida e houve escassez de alimentos. A tristeza se espalhou até que, finalmente, Deméter descobriu que sua filha estava presa no mundo subterrâneo e faz um acordo com Hades: Perséfone poderia vir à superfície para ficar com seus pais durante 6 meses e, nos outros, voltaria para o interior da terra. E assim aconteceu.

Essa foi a forma que os gregos encontraram para explicar os ciclos das colheitas: quando Perséfone está no mundo subterrâneo, Deméter se entristece e nada produz. Mas, quando sua filha reaparece, a deusa mãe se alegra e gera frutos em abundância. Um belo mito grego, tão velho e tão novo quanto cada estação do ano. Tão antigo e tão recente quanto toda primavera.

Tão atual quanto esse ano: 2010. Também na primavera...
Quinta-feira, dia 05 de agosto. O desabamento em uma mina no Chile bloqueia a passagem que possibilitaria verificar se os mineiros que lá trabalhavam haviam sobrevivido. Perséfone é raptada por Hades.
Domingo, dia 22 de agosto. Uma sonda encontra o local onde os 33 mineiros se abrigaram e descobre-se que todos estavam vivos. Deméter descobre onde sua filha está.
Começa o trabalho de resgate. Deméter vai à busca de sua filha.
Terça-feira, dia 12 de outubro, 23h08. O paramédico Manuel González entra na sonda Fênix e, finalmente, se encontra com o grupo de mineiros. Deméter se encontra com Perséfone.
Quarta-feira, dia 13 de outubro, 0h10. O primeiro mineiro chega à superfície da terra e é recebido por sua família. O mesmo ritual se repete com todos os 33 mineiros. Perséfone volta à superfície. A alegria volta a reinar e as lágrimas molham a terra fecunda. Alguns se ajoelham em oração, outros gritam, todos se emocionam: a vida está de volta. Perséfone renasceu!

Todos os anos, a primavera vem com a mensagem do renascimento. Perséfone volta, Deméter se alegra e as sementes brotam. Mas, nesse ano de 2010, a primavera fez homens brotarem da terra. Tal qual sementes cheias de vida, homens renasceram no acampamento Esperança, em plena primavera. Que todos nós possamos nos lembrar do que o ser humano é capaz de fazer quando se une em prol de um bem comum: somos capazes de irmos às profundezas da terra para fazer com que homens voltem a estar mais perto do céu. E a estar mais perto dos seus. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Presente de dia das crianças

   Presentear faz bem ao coração. Não sei até que ponto os cardiologistas concordam com essa afirmação, mas do ponto de vista psicológico, ela é verdadeira. O ato de presentear alguém começa muito antes da entrega efetiva do presente e envolve emoções distintas. Segundo Buda: "Antes de dar, o coração se alegra; durante o ato de dar, ele se purifica; e, depois de dar, ele se sente satisfeito". Alegria, purificação e satisfação – tem remédio melhor para o coração? Presentes simbolizam carinho, atenção. Significam: "eu me lembrei de você". E quem não gosta de ser lembrado? 
      Em se tratando de presente para o dia das crianças, um cuidado deve ser tomado: diferenciar o valor financeiro do valor emocional. De forma alguma podemos confundir esses dois aspectos, senão seremos vítimas (e nossos filhos também) do consumismo exagerado e sem limites. De que adianta um pai (ou uma mãe) ausente da rotina diária dos filhos, que não vivencia as descobertas, não se emociona com os momentos singelos e não comemora as vitórias inerentes ao crescimento e amadurecimento das crianças, entregar-lhes um presente super caro? Qual significado terá, para os filhos, a relação que eles estabelecem com seus pais? Por isso é importante que nossas crianças (o que inclui a criança dentro de nós!) possam diferenciar um presente caro de um presente oferecido com amor, carinho e que tenha um real significado na vida dela. O valor de um presente vai além do seu custo financeiro. Quanto vale um abraço amigo? Um colo de mãe? Um elogio de pai? Um sorriso aberto e sincero? Precisamos aprender a resgatar a essência do verbo presentear. Aquela essência que faz bem ao coração.
   As coisas passam: bolas furam, pipas se rasgam, bonecas perdem braços, panelinhas quebram... Mas as recordações das partidas de futebol juntos, das manobras das pipas no ar, dos chás de bonecas com aquele bolo especial da mamãe, dos risos e carinhos nos momentos compartilhados, isso fica sempre presente. O essencial permanece. E, por isso, se chama presente - porque nunca vira passado, nunca deixa de ser... 
   Que nesse dia das crianças você possa conjugar o verbo presentear em toda a sua grandeza. E que isso fique registrado no Livro da Vida como um belo presente para ser lembrado no futuro. 
   Feliz dia das crianças - inclusive para aquela que vive em você!



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A porta de emergência

Escrevi esse artigo como resposta à pergunta "Como se proteger dos crimes digitais?". A minha preocupação foi com relação aos filhos e a como os pais podem ajudar nesse contexto. O artigo foi publicado na  seção Ponto de Vista do Jornal A Gazeta, em 08/08/2010. Espero que gostem!


Uma pesquisa realizada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 mostrou que a maioria das pessoas que estava nos prédios na hora do acidente e conseguiu se salvar tinha um ponto em comum: elas sabiam onde estavam as saídas de emergência dos prédios e o que elas deveriam fazer. Como conseguiram isso? Se informando. 

Com os perigos na internet não é diferente: a informação é a ferramenta fundamental para sabermos nos proteger. No trabalho, com os amigos, na escola, a informação sobre quais cuidados devemos tomar deve ser compartilhada para que todos saibamos como ficar longe do perigo ou, se for necessário, onde está a saída de emergência. 
Em casa, o espaço de diálogo entre pais e filhos deve ser estimulado. Nele cada um pode expor suas ideias e ouvir o ponto de vista do outro com o objetivo de chegar a um acordo sobre o que deve ou não ser feito. Dessa forma, mais do que proibir, os pais tem a chance de explicar os motivos de suas ações e avaliar a maturidade dos filhos que se revela nos argumentos que eles usam para defender seus pontos de vista. 

De forma geral, devemos ter em mente que nossa conduta na internet deve ser a mesma que temos no nosso dia-a-dia. Os valores morais que orientam nossas ações não podem se alterar de acordo com a circunstância ou com o ambiente em que estamos. Eles devem ser permanentes, constantes, estáveis. Mesmo em atividades aparentemente tão simples e triviais quanto teclar, o que deve nos orientar são os valores que aprendemos em casa, com nossa família: respeitar o outro e se fazer respeitar, saber que os limites existem e são necessários, ter a noção de certo e errado, de direito e deveres, ser responsável por nossas ações, não conversar nem passar informações para estranhos, comunicar aos pais onde vão, com quem vão e para fazer o quê... 

O mundo real e o mundo virtual não diferem em relação a esses temas. Se cabe aos pais cuidar, proteger e orientar seus filhos, o diálogo é a ferramenta mais adequada para trazer esses assuntos à luz e mostrar aos filhos que o fato de eles terem mais habilidade no uso da tecnologia não os torna mais maduros para entender e saber lidar com as relações humanas, sejam elas reais ou virtuais. 

Os adolescentes, por sua imaturidade, ainda não sabem avaliar de forma adequada as conseqüências de suas ações. É tarefa dos pais alertá-los, orientá-los, intervir para que suas atitudes não provoquem mais feridas do que crescimento. Assim como é tarefa minha, sua, de cada amigo, de cada educador, de cada cidadão, compartilhar informações que ajudem e que protejam a integridade do outro. Quanto mais pessoas souberem onde está a porta de emergência e como fazer para chegar lá, menos chances teremos de sermos pegos de surpresa e sairmos feridos. 

domingo, 26 de setembro de 2010

Perdoar (Per-donare)

De que são feitos os encontros humanos? De doação. Quando nos encontramos com o outro – conhecido ou não – sempre doamos algo de nós e recebemos algo do outro. Um belo conto oriental nos revela a magia desses encontros: quando, caminhando em direções opostas, duas pessoas que se encontram no caminho da vida trocam o pão que cada uma traz consigo, cada uma, ao seguir de volta o seu caminho, continua levando um pão. Mas, se duas pessoas, caminhando em direções opostas, se encontram no meio de sua caminhada e, nesse encontro, trocam idéias, ao seguirem de volta o seu caminho, cada uma delas irá levar consigo duas idéias. Essa é a magia dos encontros humanos, sempre doamos algo de nós. Podem ser coisas materiais, ou pensamentos, ou sentimentos, tanto faz. Nós, seres humanos fomos feitos para doar.
Mas, eis que algumas vezes na vida, nos deparamos com uma situação complicada. Por algum motivo qualquer – forte ou trivial – impedimos esse fluir de doação. Quando o outro nos fere, ou nos magoa, é como se o nosso coração – ou nossa alma – deixasse de se conectar com o outro por meio da doação. Nos fechamos em nós mesmos, doídos pela mágoa, aprisionados pelo ressentimento. Fechamos a possibilidade de contato com o outro e, com isso, de doação, de entrega, de construção conjunta.  
A dor da decisão de se afastar só pode ser aliviada por meio da retomada da nossa natureza humana: o retorno da nossa habilidade de nos encontrar com o outro em doação. Para isso precisamos desculpar o outro. Mas, veja a armadilha das palavras: desculpar significa tirar a culpa do outro. David Bohm nos alerta para o uso que fazemos das palavras – e Morin nos convida a sempre termos claro quais palavras iremos usar. Desculpar o outro significa retirar do nosso caminho a mágoa que nos impedia voltar a entrar em contato com ele. Mas, essa mesma ação de retirar um ressentimento, também pode ser realizada por meio de outra palavra: perdoar – mágica palavra que liberta.
Perdoar vem do latim, per-donare, e significa ‘para doar’. ‘Para doar’ amor, é preciso perdoar o que faz doer. ‘Per-donare’ atenção, é necessário perdoar as ofensas. ‘Para doar’ amizade, é urgente perdoar os desencontros: é preciso reencontrar o amigo perdido e voltar a trocar com ele pensamentos, sentimentos, vida!
Que o perdão nos ajude a voltar a caminhar em direção ao outro – para que possamos nos encontrar e retomar nossa habilidade de doar. Que o perdão nos liberte da prisão da mágoa e nos possibilite voltar a ver o outro. Para quê? Per-donare, a cada encontro, aquilo que temos de melhor.

(A semente desse texto foi doada pelo amigo Zé Ricardo. Em sua homenagem, ela faz parte desse Jardim).

sábado, 25 de setembro de 2010

Mensagem Inicial para os meus amigos

Minha primeira mensagem é uma ode à amizade. Para isso, faço minha as palavras de Vinícius de Moraes:

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências … A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam – ou talvez nunca vão saber – que são meus amigos!  
Vinicius de Moraes

É primavera!

Decidi dar início ao meu blog assim que a primavera começasse. Por puro simbolismo mesmo. 
Sejam todos bem vindos a esse espaço virtual onde pretendo compartilhar ideias - minhas e de outras pessoas - e promover reflexões. 
Pensem nesse espaço como um jardim: um lugar agradável, onde podemos passear apreciando a vista, sentindo o agradável perfume de uma flor, nos recostando em uma árvore, deixando a brisa nos acariciar e o sol nos envolver... 
Como nos ensina Rubem Alves:

Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada, ou qualquer lago seja construído é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardim por dentro, não planta jardim por fora. E nem passeia neles.
A primavera permitiu que esse jardim brotasse da minha alma. Bem vindo a esse cantinho de paz!