sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A porta de emergência

Escrevi esse artigo como resposta à pergunta "Como se proteger dos crimes digitais?". A minha preocupação foi com relação aos filhos e a como os pais podem ajudar nesse contexto. O artigo foi publicado na  seção Ponto de Vista do Jornal A Gazeta, em 08/08/2010. Espero que gostem!


Uma pesquisa realizada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 mostrou que a maioria das pessoas que estava nos prédios na hora do acidente e conseguiu se salvar tinha um ponto em comum: elas sabiam onde estavam as saídas de emergência dos prédios e o que elas deveriam fazer. Como conseguiram isso? Se informando. 

Com os perigos na internet não é diferente: a informação é a ferramenta fundamental para sabermos nos proteger. No trabalho, com os amigos, na escola, a informação sobre quais cuidados devemos tomar deve ser compartilhada para que todos saibamos como ficar longe do perigo ou, se for necessário, onde está a saída de emergência. 
Em casa, o espaço de diálogo entre pais e filhos deve ser estimulado. Nele cada um pode expor suas ideias e ouvir o ponto de vista do outro com o objetivo de chegar a um acordo sobre o que deve ou não ser feito. Dessa forma, mais do que proibir, os pais tem a chance de explicar os motivos de suas ações e avaliar a maturidade dos filhos que se revela nos argumentos que eles usam para defender seus pontos de vista. 

De forma geral, devemos ter em mente que nossa conduta na internet deve ser a mesma que temos no nosso dia-a-dia. Os valores morais que orientam nossas ações não podem se alterar de acordo com a circunstância ou com o ambiente em que estamos. Eles devem ser permanentes, constantes, estáveis. Mesmo em atividades aparentemente tão simples e triviais quanto teclar, o que deve nos orientar são os valores que aprendemos em casa, com nossa família: respeitar o outro e se fazer respeitar, saber que os limites existem e são necessários, ter a noção de certo e errado, de direito e deveres, ser responsável por nossas ações, não conversar nem passar informações para estranhos, comunicar aos pais onde vão, com quem vão e para fazer o quê... 

O mundo real e o mundo virtual não diferem em relação a esses temas. Se cabe aos pais cuidar, proteger e orientar seus filhos, o diálogo é a ferramenta mais adequada para trazer esses assuntos à luz e mostrar aos filhos que o fato de eles terem mais habilidade no uso da tecnologia não os torna mais maduros para entender e saber lidar com as relações humanas, sejam elas reais ou virtuais. 

Os adolescentes, por sua imaturidade, ainda não sabem avaliar de forma adequada as conseqüências de suas ações. É tarefa dos pais alertá-los, orientá-los, intervir para que suas atitudes não provoquem mais feridas do que crescimento. Assim como é tarefa minha, sua, de cada amigo, de cada educador, de cada cidadão, compartilhar informações que ajudem e que protejam a integridade do outro. Quanto mais pessoas souberem onde está a porta de emergência e como fazer para chegar lá, menos chances teremos de sermos pegos de surpresa e sairmos feridos. 

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